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O que pensar de Lobo Antunes? Para mim, Lobo Antunes é mais do que um obreiro da palavra. O que não quer dizer, porém, que tudo o que diz ou escreve tem valor; porque por vezes até me faz lembrar um menino a bater o pé e a dizer: Dêem-me já o “el gordo”!
Em Portugal é tido como um Deus e, de tanto lho dizerem, ele acreditou. O que é bom por um lado e péssimo por outro, já que, se não for cauteloso, pode cair numa armadilha (embora me pareça avisado) – esperemos que isso não aconteça, afinal é verdadeiramente merecedor do Nobel.
Mas, ontem, dia 18 de Setembro de 2008, as seguintes palavras de Lobo Antunes sensibilizaram-me mais que os seus livros até então:
“Julgo que de cada vez que um artista português é reconhecido em qualquer outro país, é o nosso povo, é o nosso país todo. Temos recebido tão pouco e merecemos tanto”, observou, ao receber as insígnias de Comendador da Ordem das Artes e das Letras francesas.
De facto, senti algo que nem sempre noto ao ler as suas rebuscadas obras – uma sinceridade verdadeira. Posso estar enganado, mas Lobo Antunes, naquele instante, pareceu-me ter sido tocado pelo mesmo anjo que tocou Fernando Pessoa enquanto escrevia os poemas de Mensagem, ou pelo mesmo anjo que inspirava os sermões do padre Viera e os esperançosos pensamentos do professor Agostinho da Silva.
Gostei do que ouvi e, a partir de hoje, vou estar mais atento às futuras opiniões e obras deste grande mestre da literatura portuguesa (e, por isso, da literatura mundial?).
Curiosidades:
– Mais sobre sobre esta homenagem a Lobo Antunes na Visão
– O olhar de Lobo Antunes na foto deste post e a sua semelhança com o de Agostinho da Silva, na serigrafia do post anterior (estarão ambos a olhar na mesma direcção?).